domingo, 9 de dezembro de 2012

PARA NÃO FAZER DO SONHO UM PESADELO

Na pós-modernidade o velho e polêmico mote da gerra dos gêneros parece estar mais em evidência que nunca: mulheres querem casar e homens temem perder a liberdade. Como se um fosse tomar o lugar do outro. Que absurdo. É claro que vai tomar! Mas ainda bem que há como resolver essa situação, afinal, o equilíbrio entre uma coisa e outra está no diálogo. Certo? Errado! Para equilibrar um relacionamento a dois não basta diálogo, mas muito exercício e renúncia.
Não se emagrece apenas tendo vontade de emagrecer, mas fazendo atividades físicas e renunciando às tentações irresistíveis da culinária. Assim é o matrimônio ou qualquer relacionamento a dois. Só dará certo se além de diálogo, admiração e amor, houver uma firme, constante e recíproca decisão de estar ao lado do outro, não só literalmente. Aliás, mais importante que estar ao lado de alguém, é estar de fato e verdadeiramente “com” este alguém.
Todo relacionamento é uma lente, que aumenta nossos defeitos, tornando ínfimas nossas qualidades. Talvez seja por isso que amar torna-se sempre uma decisão, que faz a outra pessoa querer estar ao e do meu lado, apesar de mim.
Para se apaixonar ou casar é preciso ter inspiração, mas o que determina o tamanho da caminhada a dois é a transpiração. Outro fator preponderante, ainda que na visão de um simples observador solteiro, como eu, é possuir a dimensão mínima do que é o amor. Alguns confundem ensaios de amor com casamento e aí está um erro crasso de quem não entendeu que uma coisa não significa, necessariamente, outra. Matrimônio é vocação e não pode ser resumido somente a uma vontade que não enxerga o que, de fato, significa sua prática cotidiana.
Casamento nunca sai de moda, e infelizmente é por isso que muitos querem casar. E casam-se, muitas vezes, com a fundamentação de que o “amanhã a Deus pertence”. De certa forma é melhor que a máxima “seja eterno enquanto dure”. Assim vamos formando nossas relações descartáveis, tão profundas e imperecíveis quanto os doces e guloseimas servidos no dia da festa.
Vó Lívia, no auge dos seus 80 anos, sempre dizia: “quanto maior a festa, mais rápido o casamento termina”. Óbvio que ela sabia o que dizia e não generalizava, apenas exprimia, com seus profundos ensinamentos sobre a vida e o verdadeiro amor, que estar com alguém é gesto constante de dentro para fora, da raiz para o fruto, do coração para as aparências.
Machado de Assis dizia que "Deus, para a felicidade do homem, inventou a fé e o amor. O Diabo, invejoso, fez o homem confundir fé com religião e amor com casamento." Se ele está certo ou não, só nossas experiências e o senso de realidade que colocamos em nossos sonhos é que vão poder dizer.

Nenhum comentário:

Postar um comentário