Insegurança, carência, medo de que o outro vá embora, ansiedade, pânico, tristeza constante, melancolia, etc. Se você tem alguma dessas características... alegre-se! Sim, caro leitor, dê vozes de aleluia, pois ter apenas uma característica entre esse cinza cardápio emocional é um verdadeiro privilégio. O “comum” da sociedade atual é que cada indivíduo possua todas essas características.
Meu texto hoje é inspirado em um livro fantástico, de um autor mais fantástico ainda: “Modernidade Líquida”, do impagável Zygmunt Bauman.
Vivemos em uma “sociedade líquida”, onde as atitudes e comportamentos, assim como a palavra do homem e a perenidade das coisas se esvaem pelo vão dos dedos, assim como a água. A modernidade líquida – um mundo repleto de sinais confusos, propenso a mudar com rapidez e de forma imprevisível – em que vivemos traz consigo uma misteriosa fragilidade dos laços humanos, um amor líquido.
Vivemos em uma “sociedade líquida”, onde as atitudes e comportamentos, assim como a palavra do homem e a perenidade das coisas se esvaem pelo vão dos dedos, assim como a água. A modernidade líquida – um mundo repleto de sinais confusos, propenso a mudar com rapidez e de forma imprevisível – em que vivemos traz consigo uma misteriosa fragilidade dos laços humanos, um amor líquido.
Zygmunt Bauman, um dos mais originais e perspicazes sociólogos em atividade, investiga de que forma nossas relações tornam-se cada vez mais frágeis e "flexíveis", gerando níveis de insegurança sempre maiores. A prioridade a relacionamentos virtuais e em “redes”, as quais podem ser tecidas ou desmanchadas com igual facilidade – e freqüentemente sem que isso envolva nenhum contato além do virtual –, faz com que não saibamos mais manter laços a longo prazo. Mais que uma mera e triste constatação, isso é um alerta: não apenas as relações amorosas e os vínculos familiares são afetados, mas também a nossa capacidade de tratar um estranho com humanidade é prejudicada. Talvez, nas cidades do interior isso ainda seja incomum, mas nos grandes centros é cada vez mais “aceitável” a ideia de passar por um cadáver estendido no chão, por exemplo, sem se espantar. Como exemplo, podemos lembrar ainda a crise na atual política imigratória de diversos países da União Européia e a forma como a sociedade tende a creditar seus medos, sempre crescentes, a estrangeiros e refugiados. Mas, voltando ao livro, com sua usual percepção fina e apurada, Bauman busca esclarecer, registrar e apreender de que forma o homem sem vínculos — figura central dos tempos modernos — se conecta. Vale a pena ler e constatar que o que acontece no mundo a nossa volta não é diferente do que vem acontecendo no mundo dentro de nós.

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