sábado, 3 de novembro de 2012

DOCES OU TRAVESSURAS?

      Apesar da tão propalada crise, e do risco iminente de perder o domínio da hegemônica supremacia mundial que – ainda – têm sobre o “resto” do planeta, uma coisa é certa: os EUA ainda ditam, mundo a fora, o que devemos aprender, ler e até mesmo comemorar.
    Brasil, país de dimensões continentais, com raízes culturais sedimentadas na criatividade de um povo incansável, que de canto a canto batalha para não ver morrer a essência do que um dia inventou. Somos ainda uma nação que respira arte, com relíquias e riquezas que nenhuma outra possui. Temos o cachimbo do Saci, os pés virados do Curupira, a Mula que não tem cabeça e o tão temido e horripilante Lobisomen. Personagens cada vez mais esquecidos, ofuscados e estranhos à uma cultura geral massacrada pelo imperialismo intelectual de um país gelado, que quer nos ver vestidos com roupas estranhas e fazendo perguntas mais estranhas ainda. Doces ou travessuras? No Brasil temos os dois, e muito mais, porém, na nossa humildade tupiniquim, preferimos “importar do estrangêro”, ainda que não entendamos nada, o que para eles é legal, moderno e tradicional. 
      Matamos nossa cultura e, com isso, ceifamos nossas raízes, nossas lembranças mais genuínas e o mapa das nossas origens. Preferimos comemorar, no ápice do desprezo deles, uma “dark celebration” gringa qualquer, em detrimento do que de mais essencial temos, seja nos recôncavos, periferias, ou centros urbanos do nosso país. Apesar de todos os avanços, insistimos em agir como o primo caipira do interior, aquele que diz pra mãe, que quando crescer, vai ser igual ao primo da capital, aquele que estudou, é inteligente e bem sucedido. Assim somos nós, em comparação a qualquer coisa que venha de fora.
     Deus salve nossa autoestima, porque sem ela, continuaremos a não reconhecer o nosso próprio tamanho e a matar as raízes que nos fazem não depender de absolutamente ninguém, ainda mais quando se trata de cultura, arte e produção criativa. Doces ou travessuras? Nada contra, mas pra um caipira inveterado como eu, só se forem as das festinhas de São Cosme e Damião e as do Saci, que cá pra nós, são bem mais gostosas, familiares e engraçadas.

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