Não foi só a capacidade de sonhar que a dura realidade dos tempos atuais levou do coração de algumas pessoas. Ela transportou pra bem longe também a autoconfiança e discernimento necessários para entender que a crítica solidária pode ser o único e último remédio ante as nossas cegas ignorâncias. Contrapor posicionamentos, ideias, ou ideologias tem se tornado algo muito perigoso ultimamente. Derrubamos, num passado recente, a ditadura política, mas insistimos em manter intacta a ditadura das nossas convicções individuais e, com ela, construímos cada vez mais muros, aonde deveríamos sedimentar pontes.
No discurso, defendemos a liberdade de expressão, a propagação do pensamento e a democracia como verdadeiros arautos da liberdade. Porém, quando alguém resolve se manifestar contrariamente, opondo nossa maneira de pensar e agir, imediatamente damos um jeito de reprimir ou até mesmo ridicularizar a opinião do outro. Ao passo dos corações de cristal, fruto de uma geração individualista e que, por ter Google em casa acha que sabe tudo, estamos nos assoberbando ao ponto de não achar que precisamos do conhecimento alheio.
Corrigir se tornou algo raro, até porque corremos o risco de ter dois prejuízos: o de falar e o de ser hostilizado por quem não vai nos ouvir. É preciso respeitar o livre arbítrio, mesmo ao ver quem amamos errando, caindo e não levantando. Afinal, como um dia disse Nietzsche, "às vezes as pessoas não querem ouvir a verdade, porque elas não querem que suas ilusões sejam destruídas”. Ou, traduzindo, como diria mamãe, em uma de suas frases clássicas preferidas, "depois não diga que não avisei, hein". Porque toda consequência é fruto de uma escolha.
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