sexta-feira, 30 de março de 2012

VENHA A NÓS...

       O Tribunal de Justiça do Rio Grande do Sul, que baniu os crucifixos, resolveu ampliar o seu feriado da Semana Santa? Como diria aquela apresentadora de TV, “que deselegante!”
       Há coisas que precisam ceder ao bom senso. Outras necessitam ser analisadas à luz da lei. O caso dos crucifixos se enquadra na primeira opção. Há tantas coisas que o Judiciário deveria fazer em vez de ficar gastando energia, disposição política e justificativas. Há tantos processos empoeirados, histórias caducadas, vidas arquivadas. Há tantos prazos prescritos e gente na fila por uma sentença da qual a sua vida não depende mais até porque já não mais vive. Há um tanto muito maior, prioritário e fundamental que julgar se um símbolo deve ou não ocupar uma sala. 
       Estamos nos apegando a detalhes, sendo que a vida humana perece no seu mais íntegro e holístico essencial. Essência esta que passa também pela secularização de uma sociedade cada vez mais doente, e não me refiro somente aos remédios que faltam nas UBSs, mas sim às lembranças que nos remetem aos princípios e valores pelos quais já não fazemos mais questão.    
       Antes de tudo, aos céticos e defensores do laicismo sem fronteiras, o crucifixo é um símbolo cultural, que já estava nos cantos de cômodos dos mais pobres casebres até os mais suntuosos prédios públicos, antes mesmo da criação de qualquer religião que tenha surgido no pós-Lutero.
       Como lembrou o jornalista Reinaldo Azevedo, a chamada Quinta-feira Santa” não é mais feriado há muito tempo. Como sabem todos os advogados gaúchos, o expediente sempre foi das 9h às 18h nesse dia. Não desta vez. O desembargador Marcelo Bandeira Pereira, que presidente o TJ-RS, resolveu dar um meio dia a mais para a moçada. Vai ver é para estimular as orações! Em tempo: foi ele quem presidiu o Conselho da Magistratura na sessão que decidiu caçar e cassar os crucifixos.
       Ou seja, meus caros, para ficar de pernas pro ar - enquanto o povo paga a conta - o cristianismo é bem-vindo e deve ser aplicado na sua mais profunda respeitabilidade. Em vez do nobre doutor se preocupar em extinguir também o feriado Santo, ele decidiu antecipá-lo. E isso, em nome de apenas alguns abençoados servidores que, em matéria de benesses e proveitos, parecem ter antecipado também o próprio paraíso.

GENTE NA PÓS-MODERNIDADE


       Carro, celular, computador, etc. Tudo hoje é feito com prazo de validade. Mesmo cuidando, zelando, a qualidade do material não ajuda. Por questões econômicas são feitos para acabar. Com isso a durabilidade do produto é incerta. Sem problemas. Quebrou? troca! Hoje é assim. Antes não, dava-se um jeitinho de consertar. Atualmente, com a facilidade de crédito e os preços acessíveis, compensa, claro, "comprar um novo". Até aí tudo bem, se isso não estivesse acontecendo também nas relações humanas...
       Estamos cada vez mais fascinados pela beleza física, pelo design moderno e a embalagem do outro. Geralmente esquecemos que, ao adquirí-lo, "compramos" também a fragilidade do material e os “defeitos de fábrica”. Logo, como fazemos com os produtos das lojas, descartamos e trocamos, afinal, no mercado da vida moderna o que não faltam são opções.
       É comum hoje, a reboque do século XXI e sua sociedade muito louca, tratar gente como mercadoria. E não fazemos porque queremos. Fazemos incoscientemente, na leva do que todo mundo também faz.
       Ao ceder a esse modo, ainda que involuntariamente, adquiririmos a própria infelicidade com garantia, quem sabe, de uma vida inteira. Mas, não se desespere! No mercado da vida moderna a maioria dos produtos é frágil, superficial e com defeitos, mas a escolha do que levamos para casa, ainda continua sendo nossa.

quinta-feira, 29 de março de 2012

NOVIDADE

       Queridos, a partir deste mês a rádio Interativa FM levará ao ar meus comentários sobre sustentabilidade. Durante toda programação, em spots de 30 segundos, os ouvintes de Rio Preto e região terão dicas de como preservar o meio ambiente no dia a dia. Outra novidade é que domingo, dia 8 de abril, às 22h, estreio o programa Rio Preto no Ar, no Canal 30 RPTV. O projeto é semelhante aos que já apresentei no Canal 16, mas com cenários e convidados que farão a grande diferença. Só pra adiantar, logo de cara converso com o bispo dom Paulo Mendes Peixoto e a enciclopédia viva Romildo Sant'Anna. Conto com as sugestões e a audiência de vocês!

RIO PRETO VERDE AZUL


       A Secretaria Municipal do Meio Ambiente de Rio Preto vem trabalhando muito, inclusive, em parceira com a Secretaria de Estado do Meio Ambiente. Próxima segunda-feira irei, juntamente com o secretário municipal Lima Bueno, a São Paulo onde participaremos do 4o Encontro Estadual Programa Município Verde Azul. No evento será divulgado o ranking ambiental paulista onde saberemos quais os municípios que mais valorizaram a sustentabilidade e trabalharam pela preservação ambiental.
       Ano passado Rio Preto alcançou a 37a posição. Dia 2 de abril divulgarei aqui no Face a posição alcançada pela nossa cidade neste ano.
       O projeto, lançado em 2007, é inovador. O objetivo é descentralizar a política ambiental, ganhando eficiência na gestão e valorizando a base da sociedade. 
       A gestão ambiental compartilhada cria uma responsabilidade mútua, estimulando o desenvolvimento da competência gerencial nos municípios. Ao Estado cabe prestar colaboração técnica e treinamento às equipes locais.        Participação, democratização e descentralização: esta é a receita do Projeto Estratégico Município Verde Azul. Neste, o Governo do Estado de São Paulo e os municípios trabalham juntos na efetivação da agenda ambiental paulista. E Rio Preto, vem sendo exemplo nisso.

terça-feira, 27 de março de 2012

       Frustrar-se e cair, mesmo depois de traçados planos e metas, é completamente normal. Só não vale ficar deitado depois de uma derrota vendo os objetivos passarem.
       O escritor Caio Fernando de Abreu resume bem essa perspectiva quando diz, “depois de todas as tempestades e naufrágios, o que fica de mim em mim é cada vez mais essencial e verdadeiro.” Logo, podemos entender que a regra básica de qualquer planejamento nessa vida é estar sempre preparado caso as coisas não saiam conforme o planejado.

domingo, 25 de março de 2012

CRÔNICA DE UMA MORTE ANUNCIADA


       Ele já nos encheu de orgulho, colocou o nome da cidade e o valor do povo rio-pretense em evidência. Escancarou para todo o Brasil o legado de raça ao que os filhos desta terra de São José sempre viveram. Num passado recente, lotávamos o Mário Alves Mendonça, o Teixeirão, e transbordávamos o nosso coração por um amor facilmente correspondido. Hoje resta o desprezo, o descuido e o desleixo. Ficou a indiferença e a incerteza se, algum dia, sentiremos novamente o fervor de outrora. Triste, estarrecedor e deplorável o que estão fazendo com o nosso rubro, o América de Rio Preto. E pensar que o presidente do clube, Alcides Zanirato, por um fio não foi eleito vice-prefeito nas últimas eleições.
       Seja na política, seja no futebol, ao olhar homens como os presidentes dos clubes locais só posso constatar que Rio Preto encarna com prioridade a célebre frase de Mario Quintana, "o passado não reconhece o seu lugar, está sempre presente." Ou os velhos homens mudam, ou mudamos os velhos homens. Porque Rio Preto merece, quer e pode muito mais.

sábado, 24 de março de 2012

DE GRAÇA E SEM GRAÇA


       Nem as físicas, nem as psicológicas: a grande doença do século XXI é a “falta de sentido à vida”. Não há, na sociedade pós-moderna, uma explicação para a crise geral em que vivemos, que não passe pela morte dos nossos sonhos.
       Não foram apenas os valores, princípios e sorrisos gratuitos que se perderam no cotidiano desta sociedade muito louca. Matamos também as nossas metas p...essoais e, com o extermínio delas, fica difícil saber aonde queremos chegar.        Abordo nas linhas a seguir, inspirado nas visitas que tenho feito a casas de recuperação e grupos de jovens ligados principalmente à Igreja Católica, um tema no mínimo delicado. Participei também, recentemente, de debate sobre família e drogas, onde ficou evidente o óbvio: ou enfraquecemos a curiosidade dos nossos filhos em buscarem a felicidade artificial e momentânea dos entorpecentes ou eles levarão ao nossos para lugares escuros e muitas vezes sem volta.
       É sabida a necessidade de se investir em educação, segurança, saúde e vida digna. Os esforços políticos e sociais devem necessariamente se voltar para esta guerra ao qual se transformou a luta pela dignidade humana, principalmente nas megalópoles. Mas é sabido também que o Estado não substitui a família e enquanto esta estiver ruindo, quem arcará com a conta – financeira, inclusive – somos nós.
      
A recorrente discussão sobre a descriminalização da maconha tem feito a cabeça de políticos que não vêem nela tanto mal assim. Normalmente essas mesmas cabeças que defendem a descriminalização de qualquer tipo de droga são as mesmas que, em privado e muito dissimuladamente, as usa. Logo, tem muita gente por aí legislando em causa própria.
A descriminalização de qualquer entorpecente não pode ser observada a partir de uma lógica individual ou subjetiva. É legítimo o direito de defender o que quer que seja, porém deve-se despir do individual ao pensar que o que defendo não é necessariamente o que o outro precisa. Sugiro, porém, que os arautos mais apaixonados acerca desta defesa visitem as clínicas de recuperação e conversem com as mães em desespero. Quase 100% delas afirmam que tudo começou com um simples cigarro ou um copo de cerveja.
       Por ser proibida, a maconha representa uma simbologia, uma quebra de paradigma na qual o jovem que a usa já não teme mais a lei, e por ser teoricamente inofensiva, não teme também os efeitos da droga no organismo. 
       Um dos argumentos clássicos para que seja descriminalizada no Brasil é o da licitude da bebida e do cigarro. Ou seja, se não pode com o inimigo, “junte-se a ele”. É melhor admitir que perdemos a guerra e, assim, marchar agora pela maconha e depois pela cocaína.
       Agregar mais uma droga ao grande catálogo ópio à disposição de dependentes em potencial não irá resolver, nem de longe, um problema cada vez mais exposto, indissolúvel e coletivo. Com isso, só vamos admitir a nossa falta de competência para administrar a única coisa pela qual somos responsáveis: nossa própria existência. Não que a vida tenha perdido a graça, mas nós, aos poucos, estamos jogando fora a graça de viver.

sexta-feira, 23 de março de 2012

       Recebi ontem este texto e resolvi adaptá-lo e partilhá-lo com vocês. Se alguém souber o autor, por favor me informe. Achei simples e sincero, ao mesmo tempo cheio de entrelinhas. Meio assim, essa explicação inexplicável, exatamente como as declarações de amor são e devem ser.

       "As areias mudam com o vento, mas o deserto fica no mesmo lugar. Assim acontece com todos nós. A vida pode nos separar, mas o carinho que sinto por você jamais muda. Posso sumir por alguns dias, semanas, meses, mas sempre estarei por perto. Posso não conseguir te dizer, todos os dias, um oi, bom dia, boa tarde, ou boa noite, mas sempre lembrarei de você como se estivesse te visto há um segundo."

terça-feira, 20 de março de 2012


       Entregamos ontem, ao governador Geraldo Alckmin, abaixo-assinado das associações protetoras de animais Fauna Protetora, ARPA, AIA, AJUDA A, PROAMBI, Grupo Patas, UBEA e GPAR, solicitando a criação da Delegacia Especializada em Crimes Contra Animais de Rio Preto.

       Dia 19 de março, durante as comemorações em homenagem aos 160 anos de Rio Preto, um cafezinho com Paulo Mathias e o governador Geraldo Alckmin.

segunda-feira, 19 de março de 2012

PARABÉNS RIO PRETO

      A gente não escolhe aonde nasce, mas decide aonde quer permanecer. Sou filho de Rio Preto duas vezes: aqui nasci e neste chão optei por ficar. Agradeço a esta terra incomparável as muitas oportunidades que me ofereceu.
     Hoje, durante as comemorações de 160 anos de fundação da cidade, acompanhei de perto o progresso que conduz nossa gente. É sempre contagiante a felicidade no rosto dos vários rio-pretenses que tem sim seus problemas, mas jamais fazem deles empecilhos para uma vida feliz e cheia de esperança.
       Nessa Rio Preto de paz, sonhos e progressos que eu quero continuar morando, até quando Deus não mais deixar. Vida longa à essa Terra de São José e uma vida feliz para quem tem o privilégio de morar nesta feliz cidade.



       Mais de 50 mil pessoas participaram neste domingo, dia 18 de março, da tradicional Festa do Milho, em Jaci. Eu não fiquei de fora e estive lá, prestigiando este evento que tem sabor de solidariedade. Na foto ladeado por frei Francisco, Nilson e frei Paulo.

sexta-feira, 16 de março de 2012

HUMANOS SEM RAÇA

       Se já não bastasse a tortura deliberada contra si própio, agora o homem torna prática comum também a funesta crueldade contra os animais. Na região de Rio Preto esse tipo de covardia tem se tornado cada vez mais comum, diferente das formas de execução, tão vis quanto surpreendentes, diabolicamente criativas e inusitadas.
       A cada denúncia, uma surperesa. No histórico da região já vimos de tudo: gatos e cachorros mutilados, massacrados, envenenados, mortos por eutanásia injustifacada e, recentemente, "esquecidos" no porta-malas ou enterrados vivos. Ano passado conhecemos a história do cãozinho Titã, que comoveu o Brasil e não pode passar impune. Enterrado com vida, como as sementes, Titã é fruto de uma sociedade doente, que não rasga dinheiro, mas extermina impiedosamente o que Deus determinou que vivesse.
       Hoje, ao ver tanta ira contra quem só oferece amor, me recordo dos cachorrinhos da infância e a amizade que me ofereceram em meus dias de criança. Naquela época, talvez pela desatenção e incapacidade de assimilação que me eram características, não conseguia entender algumas coisas simples do mundo dos adultos. Pelo sorriso de Nina, Cisco, Lory, Lili e outros cãezinhos que estiveram comigo naquela infância modesta e feliz, nunca consegui entender porquê de chamarem ser humano ruim de cachorro. Não podemos nós, seres que matam a si próprios e toda e qualquer forma de vida, comparar-mos a criaturas tão dóceis, leais e sinceras.
       Para assegurar os direitos que a legislação prevê aos animais, um grupo de pessoas se mobiliza em Rio Preto para criar delegacia especialiazada em crimes contra animais. Já são mais de 20 mil assinaturas solicitando a implantação.
       Bom mesmo fosse por consciência e zelo pela vida e não espada da lei, que o homem, por si só, cuidasse do que lhe foi confiado. Ou, talvez, bom seria eu continuar a não entender o mundo dos adultos. Quem sabe assim, em alguns momentos, não sentiria vergonha de pertencer à mesma raça.

terça-feira, 13 de março de 2012

       Voltando para Rio Preto após dia de muito trabalho na Secretaria de Estado do Meio Ambiente, em São Paulo. Hoje adiantei, junto ao secretário Bruno Covas, processo de liberação de recursos para o Serviço Social São Judas Tadeu, que realiza importante trabalho ambiental com o projeto Reciclagem Cidadã. A entidade solicita a reforma do barracão onde são realizadas atividades de armazenamento e reciclagem, além de perua Kombi para coleta seletiva. Também realizamos gestões referentes ao projeto de reuso d’água das obras da Associação Lar São Francisco de Assis, gerida pelo frei Francisco. Com o projeto, os hospitais e casas de recuperação da região de Rio Preto, atendidas pela entidade, poderão reutilizar a água usada no dia a dia, o que gera economia financeira e ambiental. Adiantamos ainda propostas referentes ao plantio de 500 mil mudas na área do antigo IPA de Rio Preto, em local reservado ao Instituto Florestal.

Comunidade de São Judas, em Rio Preto, durante curso de comunicação.

segunda-feira, 12 de março de 2012

O PALHAÇO QUE FAZ CHORAR

      
       Por duas vezes já assisti o filme O Palhaço, com Selton Mello. Resolvi dar uma requentada neste texto, escrito ano passado, só pra lembrar vocês que vale muito à pena conferir esta obra incrível do cinema brasileiro. Fica minha dica!
       Já fui esperando muito. E encontrei muito mais do que esperava. A primeira impressão é a que fica, mas no caso do filme O Palhaço, de Selton Mello, todas as impressões permanecem. A obra resgata a magia de um circo que, por falta de recursos financeiros ou consciência, não utiliza animais em seus espetáculos. Se falta exploração, sobram piadas. A graça do palhaço sem graça nos conduz a sorrisos tão ingênuos quanto fáceis.
       Em meio a fotografias espetacularmente simples, a película, que nos remete aos anos 80, ainda encontra espaço para criticar a corrupção. Presente na vida humana desde gênesis, ela aparece no filme quando o delegado (genialmente interpretado por Moacir Franco) e o mecânico se aproveitam da situação dos artistas para, ao modo brasileiro de tirar uma casquinha, levarem vantagem sobre o desespero alheio.
       O artista, para se consagrar, tem de dialogar através de suas obras. Selton Mello não. Ele encanta a partir de suas surpresas. Seu talento é a própria personificação de seu trabalho, que quanto mais simples, mais emociona.
       No filme, Selton atua na pele de Benjamint, o palhaço-protagonista, filho do dono do circo. Nas cenas que nos faz rir, está triste, e nas cenas em que ri, nos faz chorar.
       O filme mostra a necessidade de resgate do circo, encantador e alegre, pelo simples fato de ser a casa do palhaço, que há décadas simboliza gratuitamente o sorriso inocente que perdemos há muito. Magia ofuscada pelos grandes espetáculos aos que a tecnologia nos acostumou.

       Com muita simplicidade e ousadia, o filme resgata valores fincados em vontades pessoais de transformação do personagem principal. A mudança que nasce da insatisfação, gera a indignação e termina na ação que nunca acaba. Ao mesmo tempo, com sensibilidade, a obra nos lembra que no picadeiro da vida, palhaço e público são um só, às vezes e contraditoriamente, os últimos que riem e os primeiros que choram.




       Neste fim de semana visitei duas comunidades de Rio Preto, entre elas, a do Cristo Rei, onde realizei treinamento para lideranças comunitárias do bairro. Momento de muita alegria, pois no salão paroquial desta mesma comunidade, há 13 anos, eu apresentava, como mestre de cerimônias, o primeiro evento da minha vida.

domingo, 11 de março de 2012

NO COLO DELA, O MELHOR DA VIDA

     
       Me lembro daquelas manhãs de sol quase sempre escaldante. Pouco antes do almoço começava a preparação. Ritual diário, enfadonho e repetitivo. Na minha cabeça, uma rotina interminável. Só depois de muito tempo constatei nostalgicamente que aqueles momentos foram tão eternos quanto à efemeridade da infância que nunca volta.
       Lembro-me do embornalzinho, da camisetinha branca e do sapatinho vermelho. O caminho era sempre o mesmo. O término do almoço o anunciava. Na cozinha, o Moto Rádio de madeira repetidamente cursava as horas que precediam um curto, mas inesquecível trajeto rumo à pré-escola do bairro. Eu o conhecia em profusão, mas nunca o trilhava sozinho. Ao meu lado, a mulher de cada passo. Ela não me levava à escola, me conduzia à vida. Rosto de lineamentos angelicais, traçados harmoniosamente com cabelos curtos aloirados e olhos serenamente atentos. Impossível não sentir segurança diante de tamanha fragilidade. Sua presença anunciava a constante paz interior que só os grandes sobreviventes de combate externam. Simples de tão linda, era o resumo de uma obra única e transcendente, jamais descrita ou exposta sequer pelos mais eloquentes e ousados versos poéticos. A humanidade da poesia jamais a descreveria. Não se explica humanamente o mistério divino de uma mulher como ela, que hoje, continua sendo tudo isso, e muito mais.
       As palmadas, os puxões de orelha, as idas ao campo de futebol só para perguntar se eu estava com fome. Eu não era o único. Volta e meia olhava ao lado e via outra mãe fazendo o mesmo, o que garantia a galhardia da molecada de pé no chão, que aos olhos delas sempre foram os filhinhos que, obrigatoriamente, tinham de ceder aos cuidados excessivos de quem desconhece os limites de amar.
       Se um dia eu for antes dela, digam que foi, é, e sempre será tudo. E que, nessas mal elaboradas frases tentei um dia, com a ingenuidade daquele menino, expor que ela é genuína e exclusivamente a única cuja palavra, dialeto ou escrita, não conseguirá descrever. Porque o amor não se explica, apenas se vive, e faz da vida, a única prioridade de toda e qualquer existência.
       Em nome da mulher mais importante da minha vida, nossas eternas homenagens a todas as mulheres neste mês dedicado a elas.

sábado, 10 de março de 2012

GERAÇÃO AMY

      
       Amy é o símbolo de uma juventude que, quanto mais dons e talentos tem, mais se enterra na superficialidadee falta de perspectiva pela vida. No mundo de hoje temos tudo. E não temos nada...
       Hoje de manhã, fui tomar café em uma padaria do meu bairro, o Parque Estoril. Eis que um grupo de amigos se aproxima e começa a conversar com a atendente. Não precisaram proferir mais que meia dúzia de palavras para denunciarem o alto teor alcoólico em que se encontravam. Não bastasse o papo de bêbado, começaram a falar alto e dançar no meio do local, incomodando os clientes que assistiam a cena comicamente deplorável. Não pelo fato dos jovens estarem felizes às sete da matina, mas pelo exposto de seus falsos sorrisos acabarem numa ressaca inexorável. Entre eles, a discussão era sobre o próximo local onde iriam continuar a beber e que horas poderiam buscar “balas” e “doces” para continuarem a ser felizes. Tudo cogitado ali, abertamente, para quem quisesse ouvir. Parece só mais uma cena cotidiana, mas a verdade é que histórias como essa nos evidenciam o rumo que a juventude está se dando. Estamos formando jovens fracos como cristais, que quebram ao primeiro impacto das desilusões da existência. Encontram nos entorpecentes a anestesia geral para esquecerem os problemas da vida, sejam familiares, profissionais ou amorosos.
       Treinamos os nossos filhos para serem os primeiros no vestibular, sem jamais ensinar a eles qua o importante mesmo é garantir um lugar no pódio da vida. As escolas se transformaram em fábricas de formar mentes, mas verdadeiros almoxarifados de corações tristes e vazios. Se antes havia ideais de luta por um futuro melhor, o que sobrou hoje foi o interesse por consumir - e se consumir - no presente, como se não houvesse amanhã. E Renato Russo já disse, “se você parar pra pensar, na verdade não há”. Mentira! O amanhã sempre existirá e é justamente o resultado do que você é hoje. Não temos ideais, não temos sonhos, matamos os valores e nos suicidamos pela falta deles. Falar de Deus, família, felicidade, realização pessoal e afins se tornou vergonhoso. Até porque, já não acreditamos em mais nada disso. Temos vergonha dos nossos pais e com isso fazemos a vida ter vergonha do que estamos fazendo com ela.
        O negócio é ser aceito a qualquer custo, vestir roupas de grife e ter destaque numa sociedade que não cansa de produzir novos destaques tão duradouros quanto à fama e o sucesso de um participante do BBB.
Os ideais coletivos de luta por um país melhor foram trocados pela vontade egoísta de ter posição social. Nos individualizamos ao ponto de esquecer que só os valores e princípios nos mantêm firmes e que, na hora do aperto, as pessoas que mais desprezamos são as que mais estarão do nosso lado. O digam os pais de Amy, que nesta hora são os únicos que choram com sinceridade a perda de uma filha que teve tudo, inclusive amor.
       Os shoppings e casas noturnas estão cada vez mais lotados de gente cada vez mais vazia. Estar na moda e viver de aparências é regra para grande parte da sociedade moderna que já não sabe mais o que fazer com tanta modernidade. Aprendemos a manipular e operar as mais complexas inovações e tecnologias, mas não conseguimos sequer olhar para as nossas mais primárias emoções. Aprendemos na escola - quando aprendemos - a resolver as mais complexas equações de álgebra, física, mecatrônica e química, mas não conseguimos na maioria das vezes compreender e resolver pequenos problemas que angustiam o nosso íntimo.
       Marchamos por qualquer coisa, reclamamos por qualquer fato, nos destruímos por qualquer prazer. Somos adeptos do “viva o momento”, sem pensar que nós fazemos as escolhas e as escolhas nos fazem.
Não nos cabe julgar, jamais, mas Amy, que deixou um legado musical a ser admirado e uma experiência pessoal a ser lamentada, já pode ser considerada o ícone de uma juventude que, sem fé em Deus e em si mesma, caminha depressivamente para uma vala escura chamada morte.

sexta-feira, 9 de março de 2012

NAZISMO: A MORTE NÃO MORREU, SÓ MUDOU A MANEIRA DE VIVER

      
       Nós, seres humanos do século XXI, estamos “coisificando” a vida. Tratamos gente como se fosse animal e animal como se fosse objeto. Desconstruímos nossos princípios e transformamos em pó os nossos valores. Às vezes em pó mesmo, vide o número de viciados em cocaína e outras drogas emergentes e ramificadas na sociedade. Mas essa é outra história. Vou me ater aqui ao tema “aborto”, que volta com força à opinião pública e ganha cada vez mais espaço nas rodas políticas e de debate. Não se enganem meus caros, isso não é mera coincidência, apenas pelo fato da presidente Dilma ter nomeado mais uma ministra que comunga de suas ideias e ideais abortistas, mas sim, uma atitude orquestrada, que contempla 3 fases: recebimento da informação, discussão do tema e encaminhamento para a aceitação da proposta. Sim, não é à toa que a palavra aborto volta a ser ventilada com tamanha força e recorrência. Ela não volta, porém, de forma comum e costumeira. Está em evidência de maneira ainda mais acentuada e nova: querem agora matar também, os recém-nascidos e tudo sob uma lógica que, pasmem, faz todo o sentido! Ou seja, eles alegam que os embriões não têm absolutamente nenhuma diferença dos recém-nascidos.
       O jornalista Reinaldo Azevedo escreveu em seu blog, no dia 2 de março, um texto que aborda este tema e apresenta o homem da foto acima. Este é Julian Savulescu, diretor do The Oxford Centre for Neuroethics. Este rematado parvo escreve um texto irado defendendo a publicação daquela estupidez e acusa de fundamentalistas e fanáticos aqueles que atacam os que vão contra essa linha de defesa neonazista. Ele, que se apresenta como “especialista em bioética”, ainda tem o topete de apontar a “desordem” do nosso tempo, que estaria marcado pela intolerância. Não me diga!
       O que mais resta defender? Este potencial assassino de crianças deveria dizer por que, então, não devemos começar a produzir bebês para fazer, por exemplo, transplante de órgãos. Se admitem que são pessoas, mas ainda não moralmente relevantes, por que entregar aos bichos ou à incineração córneas, fígados, corações?
       Tudo isso é profundamente asqueroso, mas não duvidem de que Savulescu e tantos outros que defendem esta corrente neonazista fizeram um retrato pertinente de uma boa parcela dos abortistas. Se a vida humana é “só uma coisa” e se os homens são “humanos” apenas quando têm história e consciência, por que não matar os recém-nascidos e os incapazes?
       Estes são os neonazistas das luzes. Mas não se esqueçam, hein? Reacionários somos nós, os que consideramos que a vida humana é inviolável em qualquer tempo e circunstância.
       Só constrói uma vida vitoriosa quem conhece o sabor da perda. A saudosa vó Lívia falava, "remédio amargo é que cura". Deve ser por isso que a derrota tem esse sabor. A queda ensina, enquanto o ganho desregrado adula. Dar sentido ao sofrimento é restaurar-se. Só assim vamos entender que cada derrota não é o fim, mas o início de uma nova vitória.

SEJAM BEM-VINDOS!!!

       Acabo de abrir mais uma janela, de frente pra uma paisagem chamada vida. Este é meu blog. Vai conter minhas ideias e o resumo escrito de um projeto que não se cansa de ter esperança em um mundo melhor. O alicerce está lançado. E aí, vamos começar a construção?