sexta-feira, 30 de março de 2012

VENHA A NÓS...

       O Tribunal de Justiça do Rio Grande do Sul, que baniu os crucifixos, resolveu ampliar o seu feriado da Semana Santa? Como diria aquela apresentadora de TV, “que deselegante!”
       Há coisas que precisam ceder ao bom senso. Outras necessitam ser analisadas à luz da lei. O caso dos crucifixos se enquadra na primeira opção. Há tantas coisas que o Judiciário deveria fazer em vez de ficar gastando energia, disposição política e justificativas. Há tantos processos empoeirados, histórias caducadas, vidas arquivadas. Há tantos prazos prescritos e gente na fila por uma sentença da qual a sua vida não depende mais até porque já não mais vive. Há um tanto muito maior, prioritário e fundamental que julgar se um símbolo deve ou não ocupar uma sala. 
       Estamos nos apegando a detalhes, sendo que a vida humana perece no seu mais íntegro e holístico essencial. Essência esta que passa também pela secularização de uma sociedade cada vez mais doente, e não me refiro somente aos remédios que faltam nas UBSs, mas sim às lembranças que nos remetem aos princípios e valores pelos quais já não fazemos mais questão.    
       Antes de tudo, aos céticos e defensores do laicismo sem fronteiras, o crucifixo é um símbolo cultural, que já estava nos cantos de cômodos dos mais pobres casebres até os mais suntuosos prédios públicos, antes mesmo da criação de qualquer religião que tenha surgido no pós-Lutero.
       Como lembrou o jornalista Reinaldo Azevedo, a chamada Quinta-feira Santa” não é mais feriado há muito tempo. Como sabem todos os advogados gaúchos, o expediente sempre foi das 9h às 18h nesse dia. Não desta vez. O desembargador Marcelo Bandeira Pereira, que presidente o TJ-RS, resolveu dar um meio dia a mais para a moçada. Vai ver é para estimular as orações! Em tempo: foi ele quem presidiu o Conselho da Magistratura na sessão que decidiu caçar e cassar os crucifixos.
       Ou seja, meus caros, para ficar de pernas pro ar - enquanto o povo paga a conta - o cristianismo é bem-vindo e deve ser aplicado na sua mais profunda respeitabilidade. Em vez do nobre doutor se preocupar em extinguir também o feriado Santo, ele decidiu antecipá-lo. E isso, em nome de apenas alguns abençoados servidores que, em matéria de benesses e proveitos, parecem ter antecipado também o próprio paraíso.

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